Acadêmicos da Elite Rococó

Noso Grêmio Recreativo não faz monografia, nem padronização da ABNT nem tradução de abstracts. Mas fazemos sim paródias, sátiras e brincadeiras com estes trabalhos (às vezes nem nós escapamos). Você está em busca de aventuras? Acredita que uma outra academia é possível? Dispa-se dos jargões, cubra-se de humor e seja bem-vind@!

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Local: New Haven

• Colunista político da Revista do Cebolinha • É unanimamente considerado por sua mãe um gênio • Certa vez, ganhou um autógrafo do Sokal. • Principal publicação: Prefácio da Edição Especial da Orkutian New Art Review - ONAR, 2007. • Michel Arendt jamais rejuvenescerá, ao contrário de Peter Pan, que jamais amadurecerá.

21 fevereiro, 2007

Piadas de Downs


Anthony Downs é o autor de Uma teoria econômica da democracia, livro que o qualifica ao posto daquilo que Marx um dia chamou de "gênio da estupidez burguesa". Para críticas às simplificações do livro, que o tornam complementamente inútil para entender a realidade (wow! isso é uma definição perfeita pra 90% da ciência social!), basta ler... qualquer um de seus críticos! (Tem um livro do Przeworsky, Estado e economia no capitalismo, que demole Downs em três ou quatro páginas.)
Quem quiser conhecer a figurinha, pode ir ao seu website pessoal, onde além de uma foto - ele parece a caricatura do acadêmico conservador americano, veja aí ao lado - aparecem várias peculiaridades interessantes. Tem uma seção de piadas, cada uma mais deprimente que a outra, mostrando que humor de cientista social, ainda por cima ianque, é uma pedrada.
Um exemplo, pra divertir vocês:
Economists are notorious for thinking in depth about the macro-situation but not being very sympathetic to individual persons. This is illustrated by something that happened in Washington D.C. lately. A homeless man approached a minister. "I haven't eaten in three days." The minister said, "The Lord will provide," and passed by without giving him any money. The homeless person then approached a politician and said, "I haven't eaten in three days." The politician said, "It will be better after the election," and he passed by without giving him any money. The homeless person then approached an economist, in fact, it was Alan Greenspan, the Chairman of the Federal Reserve Bank. The homeless person said: "I haven't eaten in three days." Greenspan replied: "That's very interesting. How does this compare with the same period last year?"
Agora, que todo mundo já se consumiu em risadas, posso continuar.
O engraçado mesmo são as partes séris. Downs se anuncia como the "World's Leading Authority" on real estate and urban affairs, isto é, "o fodão mundial em negócios imobiliários e questões urbanas", tendo como profissão "PENSAR GRANDES PENSAMENTOS", assim mesmo, em caixa alta.
Boçalidade acadêmica em estado bruto, verdadeira fonte de inspiração pros peters-pans da vida!
Ah, é ver para crer: www.anthonydowns.com.

13 fevereiro, 2007

III Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura
23 a 25 de maio de 2007
Salvador - Bahia - Brasil

O III Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura tem como objetivo consolidar um espaço de discussão e apresentação de trabalhos sobre cultura, reunindo estudiosos de diversas áreas de conhecimento para debater, em uma perspectiva multidisciplinar, temas relacionados à área.

A proliferação dos estudos da cultura ainda não possibilitou no país a consolidação de espaços públicos de discussão que reúnam diferentes olhares sobre o tema. Neste sentido, o ENECULT cumpre seu objetivo, constituindo-se num lugar de encontro e interlocução dos estudiosos e profissionais da cultura.

Em suas duas edições anteriores do ENECULT estiveram presentes renomados pesquisadores, não apenas do Brasil, mas também do exterior. Dentre os estrangeiros, destacamos: Alicia Entel (Argentina), Armando Silva (Colômbia), Maria da Conceição Ramos (Portugal), Maria de Lourdes Lima dos Santos (Portugal), Natália Ramos (Portugal), Pedro Querejazu (Colômbia - Bolívia), Rubens Bayardo (Argentina), Xan Bouzada Fernández (Espanha). Dentre os brasileiros: Durval Muniz de Alburquerque Jr. (UFRN), Francisco Foot Hardman (UNICAMP), Hamilton de Faria (Instituto Pólis), Heloisa Buarque de Hollanda (PAAC/UFRJ), Isaura Botelho (CEBRAP), Joanildo A. Burity (Fundação Joaquim Nabuco), João de Jesus Paes Loureiro (UFPA), José Carlos Durand (FGV/SP), Liv Sovik (UFRJ), Luis Roberto Alves (Cátedra Celso Daniel/ABC/SP), Maria Arminda Arruda (USP), Maria Immacolata Vassalo Lopes (USP), Ruben George Oliven (UFRGS) e Zeny Rosendhal (UERJ).

Na sua última edição, em maio de 2006, o ENECULT teve mais de 300 participantes. Além das mesas-redondas com pesquisadores convidados, foram apresentadas 122 comunicações de proponentes brasileiros e estrangeiros, cujos textos completos foram publicados em CD-Rom (na forma de Anais) e distribuídos durante do evento. Temas como: a situação atual dos estudos da cultura; as contribuições disciplinares a esses estudos; cultura e identidade; diversidade cultural; cultura e desenvolvimento; economia da cultura; consumo e práticas culturais; políticas culturais; políticas de financiamento da cultura e leis de incentivo, dentre outros, que têm perpassado os diversos campos disciplinares, foram debatidos.

Programação

23 de maio de 2007 – quarta-feira
9h – Credenciamento
9h30 – Abertura
10h – Mesa-redonda
12h30 – Intervalo
14h30 – Apresentação de trabalhos
16h30 – Intervalo
17h – Apresentação de trabalhos

24 de maio de 2007 – quinta-feira
9h – Palestra
10h – Mesa-redonda
12h30 – Intervalo
14h30 – Apresentação de trabalhos
16h30 – Intervalo
17h – Apresentação de trabalhos
21h – Confraternização e lançamento de livros

25 de maio de 2007 – sexta-feira
9h – Palestra
10h – Mesa-redonda
12h30 – Intervalo
14h30 - Plenária final / III Encontro de Pesquisadores

Submissão de Trabalhos

A submissão de trabalhos (completos) deve ser feita até o dia 23 de março de 2007, através do e-mail
cult@ufba.br. Os selecionados serão divulgados no site do CULT - http://www.cult.ufba.br/ até 13 de abril de 2007. As apresentações serão agrupadas em mesas temáticas, com quatro expositores (20 minutos para cada) por sessão. Além de trabalhos individuais, este ano estaremos aceitando propostas de “mesas coordenadas”, com quatro expositores, sendo um deles o coordenador da mesa.

Normas para Apresentação

Quando do envio do trabalho, no assunto da mensagem deve constar “submissão de trabalho”. O arquivo deve ser salvo com o "nome completo do autor" e o texto encaminhado deve estar no formato a seguir, indispensável para a publicação no CD Rom:

- formato Word for Windows (versão 97, 2000, XP ou posterior)
- entre 7 (cinco) e 15 (quinze) páginas, incluindo bibliografia
- fonte Times New Roman, corpo 12
- papel A4, páginas não numeradas
- espaçamento entre linhas 1,5
- espaçamento das citações simples com recuo padrão (1,25cm)
- primeira linha de cada parágrafo com recuo padrão (1,25cm)
- sem espaço entre os parágrafos
- margens: superior 2,5cm; inferior 2cm; esquerda 3cm; direita 3cm

Na primeira página do trabalho, devem aparecer os seguintes itens:

- título do artigo centralizado, em caixa alta e negrito
- nome completo do(s) autor(es) alinhado(s) a direita, indicando em nota de rodapé o vínculo institucional e e-mail do(s) mesmo(es).
- resumo de 5 (cinco) a 10 (dez) linhas, com espaçamento simples
- 3 (três) a 5 (cinco) palavras-chave
- início do texto

No caso de “mesas coordenadas” a submissão deve ser feita pelo coordenador, que deverá enviar todos os trabalhos juntos, além do título e resumo da proposta da mesa.

Apenas os trabalhos que atenderem as normas estabelecidas serão analisados.

Informações
http://www.cult.ufba.br/
cult@ufba.br
Telefone: 55 71 32 63 61 98 / 62 03

08 fevereiro, 2007

Estrelas da pesquisa empírica

Nosso amigo Peter Perfeito nos recomendou Maria Stela Grossi Porto como uma referência no campo acadêmico. Fomos pesquisar seu nome na Scielo, e refletir sobre a obra que encontramos.

Escolhemos o artigo
“Violência e meios de comunicação de massa na sociedade contemporânea”, publicado em 2002, na revista Sociologias.

Primeiro, percebemos um erro primário de tomar uma pesquisa de OPINIÃO como se ela já fosse um dado empírico e um fato social, não apenas uma forma (bem falha) de medir PERCEPÇÕES.

Veja trecho a seguir, onde se explica a metodologia da pesquisa: “Utilizaram-se apenas perguntas fechadas, estruturadas através de ditados populares, provérbios, afirmações do senso comum, ideologias, crenças, chavões, como forma de captar a racionalidade presente no imaginário popular e submetê-la ao crivo da ciência” (p.5).

LINDO! IMPRESSIONANTE! Mas não pára por aí:
“78, 6% dos respondentes acreditam que a difusão da violência pela mídia contribuiria para aumentar a criminalidade” (p. 10)

Essa frase vem seguida de 1 gráficos e três tabelas, variações sobre a mesma coisa. Mas será que esse dado fala sobre violência, e não apenas representações sobre o papel da mídia, dentro do qual seu impacto sobre a violência é apenas um subtópico?

È feito um mea culpa, mas que parece ser apenas um mea culpa, sem ter impacto na análise: “existe conexão de sentido entre os fenômenos e suas representações sociais que, portanto, não são nem falsas nem verdadeiras, mas a matéria prima do fazer sociológico” (p. 7).

E consta ainda a seguinte pergunta: “Os meios de comunicação de massa influenciam a opinião pública no julgamento de uma pessoa que cometeu determinado crime?”

Dado o grau de debilidade da pergunta, a autora parece perceber sua inutilidade e tão logo cita o resultado da pergunta, muda de assunto, já que não poderia tirar nada disso mesmo.

O grande final fica por conta da pergunta “A existência de cenas de violência na TV é motivo suficiente para que você mude de canal ou desligue o seu aparelho?”
E SURPREENDENTES 45% das pessoas dizem que SIM! (p. 16)
Francamente, se fosse pra levar isso a sério, a violência não seria ‘um produto que vende bem’, como é dito no próprio texto.

O pior fica por conta da análise feita: o grupo mais resistente à desligar a TV é o de nível superior (60%), e mesmo assim, a Maria Estrela Grossi Porto diz que: “se sabe que inúmeras pesquisas de opinião e de mercado têm mostrado que programas com conteúdos violentos encontram aceitação junto a faixas de renda mais baixas e menos instruídas”. Arram.

Se ela mesma despreza assim os dados da pesquisa, por que os leitores devem se dar o trabalho de tomar conhecimento de seu trabalho?

Depois, fomos descobrir que ela faz parte de diversas associações profissionais e comissões de avaliação da CAPES. Deve ter muita gente por aí com medo de criticá-la em público, né? Até nós temos.

Mas tem outros vários que incorrem nos mesmos erros, todos estrelas de grande brilho.

Dia desses, o Jornal Nacional divulgou pesquisa da Transparência Brasil, (coordenada pela estrela Cláudio Abramo) mostrando como o mundo é bom, já que 71% dos eleitores entrevistados disseram que não acreditam que os atuais governadores roubem em seus mandatos. Ora, um dado desses indica apenas que há pessoas boas, ingênuas e iludidas, não necessariamente que não haja governadores corruptos. É difícil perceber isso?

Outro dia, foram divulgadas amplas pesquisas que mostram como as decisões dos magistrados beneficiam as partes mais abastadas em suas decisões (FSP, 04/02), enquanto (o digníssimo) Bolívar Lamounier estava apegado a uma pesquisa que ele mesmo coordenou que mostrava os magistrados se dizendo mais dispostos a defender os pobres que os ricos. Uma coisa é o que se diz, outra o que se faz. Básico, não?

Talvez, esses pesquisadores tenham esquecido que pesquisar pode significar muito mais do que simplesmente tirar uma foto de quem está sentado na mesa de jantar. Pode significar procurar por quem preparou a mesa, por exemplo.


Mas pior mesmo é quem nem pesquisa mal feita faz, porque prefere blefar teorias, né?

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